Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia | Representação e Legitimidade Democrática | ReDem
O que aconteceu entre 2016 e 2020
Há quase uma década, o Brasil passa por um realinhamento das forças políticas. Nesse período, tivemos as manifestações de 2013, o impeachment de Dilma, a eleição de Bolsonaro e o retorno de Lula em 2022. A energia política desses eventos se disseminou e chegou aos municípios.
Mas podemos inverter a afirmação. A distribuição das forças políticas nos municípios antecede o que teremos na disputa na nacional. Repare que já em 2016, portanto, antes de Bolsonaro ser eleito, os partidos de direita já controlavam a maioria das cidades. Não é pouca coisa. São prefeitos, máquina municipal e partidária que contribuem e muito para organizar localmente as campanhas a cada ciclo. Nesse sentido, podemos dizer que 2016 já apontava o que teríamos em 2018.
Como é possível observar no mapa de 2020, a chegada de Bolsonaro à Presidência em 2018 contribuiu para ampliar os espaços do campo da direita em nível municipal. Esse comportamento sugere que, neste domingo, começaremos a entender o efeito da eleição do presidente Lula em 2022. Será que a esquerda ampliará o número de prefeitos eleitos?
Para ampliar essa análise, considerei agora a distribuição ideológica dos partidos, segundo os prefeitos e vereadores eleitos em 2020 e 2016. As conclusões são semelhantes. Como é possível observar, em 2016, cerca de 77% dos candidatos eleitos estavam em partidos do campo da direita.
Em 2020, já com Bolsonaro na Presidência, os candidatos de direita passaram a representar 81% dos eleitos em todo Brasil. Neste domingo, portanto, vamos começar a entender a direção desses dados. A esquerda voltou ao Poder em 2022, porém, ainda enfrenta uma direita forte em nível nacional. Um último ponto que merece ser observados. Os candidatos de partidos de direita eleitos (prefeitos e vereadores) dominam todas as faixas de municípios, segundo o tamanho do eleitorado. Mais: entre 2016 e 2020, o campo da esquerda perdeu espaço nos pequenos e médios municípios, e teve um leve aumento no número de eleitos nas cidades maiores.
Autor da notícia:
Fábio Vasconcellos
Bolsista de Pós-Doutorado