O marqueteiro Sidônio Palmeira foi nomeado ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) no dia 14 de janeiro. A mudança vinha na esteira de uma percepção do presidente Lula de que a comunicação do Governo precisava mudar. Após a entrada de Sidônio, a pesquisa Quest indicou, pela primeira vez, que a desaprovação do Governo havia ultrapassado o percentual de aprovação. Esse cenário foi confirmado, dias depois, pelo DataFolha.
Os sinais eram claros. Se, como pensava o presidente, a comunicação precisava mudar, os dados, por enquanto, mostram que está tudo mais ou menos como antes. Embora na imprensa algumas análises tenham focado em discursos específicos do presidente como indícios de uma nova estratégia, com mais entrevistas e discursos, os dados agregados sugerem o contrário.
Os primeiros bimestres dos três primeiros anos do Governo demostram que Lula, na verdade, reduziu o número de discursos. Enquanto em 2023, foram realizados 33, no primeiro bimestre deste ano, o número caiu para 26. Parte dos dados deste ano pegam o período da gestão de Sidônio à frente da Secom.

Com menos discursos, Lula provavelmente está concedendo mais entrevistas? O comparativo dos primeiros bimestre indica que o número de entrevistas cresceu entre 2023 e 2024 e, no momento, está praticamente estável.

Será então que houve alguma mudança mais substantiva nos discurso do presidente? Esse dado tem, por natureza, uma distribuição esperada. Presidentes costumam trazer para seus discursos temas associados ao contexto do país. Por exemplo, se o debate público é “inflação”, presidentes tenderão a falar mais de inflação. Nessa perspectiva, portanto, é esperado que haja mudanças no conteúdo dos discursos de Lula entre o cenário de 2023 e 2025. As mudanças, no entanto, não foram tão significativas.
Termos mais mencionados por Lula
Lula passou a usar mais as palavras “povo”, “governo”, “vou”, “companheiro”, “ministro” e “dinheiro” em 2025. Embora tenha havido essas mudanças, os temos “país”, “Brasil” e “pessoas” continuam liderando as menções nos discursos do presidente desde 2023. O que exatamente os termos agora mais buscados por Lula significa? Difícil apontar uma leitura precisa apenas com as frequências dessas palavras. Mas tenho uma hipótese: o contexto de maior adversidade econômica (inflação alta, juros) neste início de ano é uma pista para compreender o maior uso dos seus primeiros termos. Aparentemente, com Lula buscando se contrapor ao discurso de perda de fôlego de crescimento e de ações do seu governo, mobilizando, para isso, um discurso de reconexão entre o “governo”, o “povo” e suas realizações “vou”. Mas, como disse, esta é apenas uma hipótese.

Nuvens de palavras
Para expandir um pouco mais a análise, mas nem por isso apresentar uma interpretação mais precisa dos discursos, elaborei as nuvem de palavras com os 100 termos mais mencionados por Lula em seus discursos. Primeiro 2023

Agora 2024

E, por fim, 2025.
