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Desigualdade de gênero nas câmaras municipais

Em mais um capítulo para traduzir as eleições de 2024, agora apresento a distribuição dos vereadores eleitos, considerando a proporção de homens e mulheres. Esse mapa ilustra um problema estrutural da representação política no Brasil: assim como cargos no Executivo, as mulheres têm pouca ou quase nenhuma participação nos legislativos locais.

A eleição de 2024 elegeu proporcionalmente mais mulheres para as câmaras municipais do que em 2020, mas a melhora foi muito tímida. Passamos de 16% para 18%. Vamos lembrar que as mulheres representam 51,5% da população brasileira, segundo o IBGE. Pelo mapa, quanto mais o indicador de aproxima de 1, maior a proporção de vereadoras nas câmaras. Na maioria das casas, os vereadores homens serão maioria a partir de 2025. Em apenas 75 cidades, as mulheres serão maioria (maior ou igual a 51% dos eleitos).

Para continuar falando de extremos, as câmaras de 732 cidades terão apenas homens discutindo políticas locais. Melhorou um pouco em relação à 2020, quando isso ocorreu em 928 vezes, mas ainda é muito alto. Agora, os estados com mais cidades nessa situação são SP, MG e BA.

Os estados com mais câmaras municipais onde as mulheres serão maioria são o Rio Grande do Sul, Piauí e Minas Gerais.

Por região, a pior situação na participação de mulheres nas câmaras municipais ocorre no Sudeste, onde a mediana é de apenas 11% de vereadoras eleitas. Nordeste, Norte e Centro-Oeste registram 18%, enquanto no Sul, 22%.

Assim como em 2020, a proporção de mulheres candidatas foi de 35%, mas, entre os eleitos, elas são apenas 18%. Ou seja, embora estejam concorrendo, o processo de conquistar voto para transformar em cadeiras no legislativos enfrenta ainda muitos obstáculos.

A pequena melhor no número de eleitas mudou um pouco o total de câmaras com baixa representação feminina. Naquelas em que as mulheres eram até 20%, o total caiu de 3,4 mil para 2,9 mil câmaras. Por outro lado, subiu o número de mulheres nas Casas em que elas representam entre 21% e 40%, principalmente. Uma melhora que, embora positiva, ainda está longe de tornar nosso legislativo local mais representativo.

Equipe INCT Redem

Representação e Legitimidade Democrática (ReDem) é um projeto para analisar as causas e as consequências da crise da democracia no Brasil.