É constante no debate público brasileiro a noção de que há uma grande polarização ideológica no congresso brasileiro. Mas, segundo estudo do pesquisador do INCT/ReDem Julian Borba e dos seus colegas de pesquisa Matheus Ferreira, Gregório da Silva e Lucas Amorim, isso não acontece na Câmara dos Deputados. Esses achados foram publicados no artigo Polarização ideológica entre deputados federais no Brasil (2005-2021), na Revista Estudos Históricos, v.37 , n.8.
O estudo analisou surveys realizados com deputados federais entre 2005 e 2021 para observar a opinião deles em temas de economia, como privatizações e austeridade fiscal, e de costumes, como a descriminalização das drogas e as cotas. Quando observada a evolução da opinião dos parlamentares sobre estes temas, não é possível ver um desaparecimento das posições intermediárias, que seria condição para se falar em polarização. O que tem acontecido é uma maior diversificação de ideias, afinal mais partidos com ideias diferentes estão aparecendo, como se vê no gráfico abaixo, extraído do artigo:
Isso não quer dizer que não acha polarização em alguns temas específicos. Nesse caso, o mais notório é o aborto, pois é possível observar um desaparecimento notório das posições medianas.
Contudo, ao contrário do que se pensa, os deputados brasileiros não estão ficando mais conservadores nos costumes. Há uma liberalização dos dois lados: eles estão gradativamente mais liberais na economia (pró-mercado) e mais liberais nos costumes. O deslocamento das posições à esquerda, no gráfico abaixo, mostra esse achado contraintuitivo de que os parlamentares estão menos conservadores:
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