Como deputados federais se posicionam sobre IR para super-ricos, fim dos supersalários e a escala 6×1

Os dados da última pesquisa Quaest sobre o posicionamento dos deputados federais em políticas apontam um descolamento do Legislativo de boa parte dos brasileiros, sobretudo aqueles de menor renda.

Comecemos pela Elevação da taxa de IR para os super-ricos. Os dados mostram uma divisão, com 46% dos deputados federais contra e 44% a favor da medida. Como esses resultados estão dentro da margem de erro de 4,5 pontos percentuais, não é possível dizer qual posição é hoje majoritária. A elevação do IR consta da proposta do Governo para compensar a isenção do IR de quem ganha até R$ 5 mil.

Já o PL dos Supersalários mostra uma clara posição contrária à medida. Cerca de 53% dos deputados rejeitam a proposta, enquanto 32% são favoráveis. O limite dos salários do funcionalismo público deveria ser de R$ 46.366, mas, na prática, os vencimentos superam os cinco dígitos. A proposta do governo Lula limita o pagamento acima deste valor.

Outra medida que afeta diretamente trabalhadores e empresas é a proposta do Fim da Escala 6×1. Na Câmara, contudo, a chance de ser aprovada é mínima. Pelo levantamento da Quaest, 70% dos deputados são contra a medida. Apenas 22% são favoráveis.

Os dados agregados, contudo, escondem diferenças importantes entre a base do governo e a oposição. Deputados de oposição são contra a Elevação do IR para os super-ricos (76%), o PL dos Supersalários (62%) e o Fim da Escala 6×1 (92%).

O comportamento é diferente dos deputados governistas. Eles apresentam uma tendência maior de aprovação dessas propostas. No caso do IR para os super-ricos, 78% dos governistas são favoráveis; enquanto a proposta do Fim da Escola 6×1 registra 55%. A base do governo Lula, contudo, empata na margem de erro na proposta do PL dos Supersalários: 44% são favoráveis e 48% são contra. Essa distribuição contraria o interesse do Governo.

O posicionamento dos deputados, segundo o campo ideológico com que mais se identificam, mostra que esquerda e direita apresentam diferenças significativas na proposta de Elevação do IR para os super-ricos. Enquanto a esquerda é favorável a ampliar a taxação (92%) a direita é amplamente contrária a essa medida (73%). Cerca de 53% dos deputados de centro concordam com essa medida.

No PL dos Supersalários, tanto esquerda quanto a direita e deputados de centro são contra a medida, com a direita apresentando uma proporção (59%) levemente maior que a esquerda (56%). Se considerarmos a margem de erro de 4.5 pontos percentuais, é possível dizer que hoje os dois grupos empatam nessa questão.

Já o Fim da escala 6×1 mostra uma direita e centro mais bem posicionados contra a medida. Cerca de 88% dos deputados de direita e 70% dos parlamentares de centro rejeitam essa proposta. A esquerda está dividida: 49% são favoráveis ao Fim da escala 6×1, enquanto 49% são contrários.  

Em síntese, o panorama da Câmara dos Deputados, ao analisar essas três pautas, aponta para uma dinâmica em que a promoção de interesses das classes mais ricas ou de setores já consolidados encontra considerável respaldo. As diferenças ideológicas e de orientação política são evidentes, com a esquerda e o governo, em alguns pontos, buscando avançar em pautas mais progressistas, enquanto a direita e a oposição, de forma geral, demonstram maior resistência a mudanças. No entanto, o alto percentual de deputados contrários ao fim da escala 6×1, em particular, sublinha a inclinação geral do Congresso em manter o status quo que beneficia o campo empresarial.