Em uma semana tensionada em Brasília, a Câmara dos Deputados aprovou, na madrugada desta quinta-feira (17/07), o Projeto de Lei conhecido como “PL da Devastação“. A proposta, que flexibilidade regras ambientais e cria novos tipos de licença, recebeu 231 votos favoráveis, e apenas 87 contrários. Na discussão, o governo orientou pelo voto contrário ao PL.
Três gráficos ajudam a entender como a base do governo na Câmara, nesta votação, é bastante infiel à orientação do Executivo.
Inicialmente, a distribuição dos votos mostra que os partidos que fazem parte do governo, isto é, ocupam ministérios e cargos no Executivo, deram 61,4% dos votos favoráveis ao PL.
Por partido, Republicanos, PSDB, PL e Novo foram as legendas que votaram 100% favorável ao “PL da Devastação”.
Por outro lado, PCdoB, PT, Rede, PV, PSB, PSOL, Solidariedade votaram em massa contra a proposta.
Com a orientação pelo voto “não” apresentada pelo governo, é possível examinar a distribuição dos votos segundo a taxa de governismo entre as legendas que ocupam espaço no Executivo.
Quanto mais próxima de 1, mais o partido da base seguiu a orientação do governo. Como esse dado reflete o voto “não”, o gráfico abaixo é uma segunda forma de analisamos o comportamento dos partidos no “PL da Devastação”.
Pelos dados, vemos que a taxa de governismo de partidos da base como PSD, União Brasil, PP e MDB ficou muito abaixo do esperado, indicando um comportamento nada colaborativo com o interesse do governo. Em outras palavras, nesta votação, boa parte da base, especialmente entre as grandes legendas, ignorou a orientação do Executivo.
Com o debate da eleição de 2026 está bastante antecipado, podemos verificar também a votação dos partidos do presidenciáveis.
Mas, antes, algumas observações.
Não há como tratar um efeito direito da votação segundo a orientação dos presidenciáveis. Contudo, como os partidos já estão se movimentando para apoiar ou lançar pré-candidatos, é possível que esse comportamento também apresente alguma influência indireta. Afinal, partidos também lutam por espaço político e precisam agir para atingir esse objetivo.
Como esperado, partidos de oposição, como o PL e o Novo, votaram majoritariamente contra a orientação do governo.
Mas chama atenção o comportamento do União Brasil, PSD e Republicanos, que fazem parte do governo e têm hoje possíveis pré-candidatos à presidência. Essas legendas foram majoritariamente contra a orientação do governo.
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Fábio Vasconcellos
Doutor em Ciência Política pelo IESP (2013) e mestre em Comunicação Social pela UERJ (2008). Professor associado da Faculdade de Comunicação UERJ. Temas de interesse: Comportamento Eleitoral; Comunicação Política; Eleições; Opinião Pública; Analise de Dados.