Os números das eleições legislativas argentinas de 2025 parecem contraditórios: Javier Milei obteve uma vitória expressiva com 42% dos votos, mas o verdadeiro recordista foi o silêncio. Com a maior taxa de abstenção desde a redemocratização (32%), um terço do país simplesmente virou as costas para as urnas. O que isso significa para a governabilidade? Uma nova análise aponta que esse ‘protesto silencioso’ é o sintoma de uma exaustão estrutural com a polarização, criando uma armadilha perigosa para as reformas liberais que estão por vir.
O Desafio Investigado: O artigo analisa o paradoxo das eleições legislativas argentinas de outubro de 2025. O cenário apresenta uma aparente consolidação do poder de Javier Milei e seu partido (LLA), que conquistaram províncias históricas e ampliaram bancadas. No entanto, o desafio reside em interpretar o “elefante na sala”: uma abstenção recorde de 32% em um país onde o voto é obrigatório. O texto investiga as raízes desse desengajamento e o que ele sinaliza para o futuro da democracia argentina.
A Proposta Central: A autora argumenta que o alto índice de ausência não é fruto de mera apatia, mas um protesto silencioso e estrutural. Esse comportamento é explicado pela sucessão de fracassos de governos anteriores, tanto de esquerda (peronismo) quanto de direita.
- O Diagnóstico: Décadas de inflação alta, dívida pública e estagnação econômica, independentemente da ideologia no poder, geraram uma crise de confiança. O eleitor não comparece porque não vê mais nas urnas uma ferramenta eficaz de mudança, rejeitando legitimar qualquer um dos projetos em disputa.
Evidências e Argumentos: A análise destaca que a vitória da LLA (42% dos votos válidos) é “robusta formalmente, mas frágil socialmente”.
- A Fragilidade: Milei não conquistou maioria absoluta, o que exigirá negociações com a “casta” política que ele critica para aprovar sua agenda radical (privatizações, desregulação, cortes).
- O Risco: Implementar reformas impopulares sem uma base social engajada e com um terço da população alheia ao processo cria um terreno fértil para instabilidade.
Implicações e Contribuições: O texto conclui que a Argentina vive um momento de alerta. A vitória legislativa dá a Milei a legalidade para governar, mas a abstenção mostra que ele ainda carece de legitimidade social ampla. O sucesso de seu governo dependerá de sua capacidade de converter essa “vitória de papel” em resultados concretos que tragam o eleitor cético de volta para o jogo democrático, superando o ciclo de alternância sem soluções dos últimos 20 anos.
Foto: REUTERS/Agustin Marcarian – Fonte: Agência Brasil EBC
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