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Authoritarian, But Not Nativist: Classifying Far-Right Parties in Latin America

Autor: André Borges e Lisa Zanotti

Analisando a recente ascensão de partidos de extrema-direita na América Latina, o artigo de André Borges e Lisa Zanotti questiona a validade de conceitos europeus para a região. Com base em dados do Chapell Hill Expert Survey , a pesquisa demonstra que, embora esses partidos sejam autoritários , o nativismo (sentimento anti-imigração) não é uma característica central que os define, ao contrário do que ocorre na Europa. Em vez disso, o ultraconservadorismo religioso é um traço distintivo fundamental. O estudo conclui que uma definição mais enxuta de extrema-direita, focada no autoritarismo, é mais adequada para análises globais e propõe uma nova tipologia para a região, na qual o partido “autoritário-fundamentalista” é o subtipo mais comum.

O Desafio Investigado: O estudo aborda a recente ascensão de partidos de extrema-direita na América Latina, um fenômeno ainda pouco estudado de forma comparativa. O desafio central é que a pesquisa sobre o tema é majoritariamente focada na Europa, onde o nativismo (nacionalismo anti-imigração) é considerado uma característica essencial. O artigo questiona se essa definição se aplica à América Latina, uma região onde a imigração tem sido um tema muito menos proeminente nos debates públicos.

A Proposta Central: A pesquisa propõe uma reavaliação dos conceitos usados para classificar a extrema-direita, argumentando por uma definição mais “parcimoniosa” (enxuta) e adequada ao contexto latino-americano. Utilizando dados do Chapell Hill Expert Survey (CHES) de 2020 , o estudo analisa se o autoritarismo e o nativismo são de fato as características principais desses partidos na região. Com base nos achados, os autores desenvolvem uma nova tipologia para classificar as diferentes vertentes da extrema-direita latino-americana.

Evidências e Argumentos: A análise dos dados de mais de 100 partidos em 12 países mostra que, embora os partidos de extrema-direita da América Latina compartilhem uma visão autoritária da sociedade (por exemplo, no apoio a políticas de “mão de ferro”) , o nativismo e a oposição à imigração não os distinguem claramente da direita tradicional. Em contrapartida, a defesa de princípios religiosos na política e o ultraconservadorismo em pautas morais são as características que mais os diferenciam da direita moderada. O estudo também aponta que o populismo não é uma característica tão comum quanto na Europa.

Implicações e Contribuições: A principal contribuição do artigo é teórica e empírica. Ele oferece uma crítica fundamentada aos conceitos eurocêntricos e propõe uma definição de extrema-direita mais enxuta, focada no autoritarismo, que “viaja melhor” para outros contextos. O estudo apresenta uma das análises comparativas mais abrangentes sobre o tema na região e propõe uma nova tipologia, identificando o partido “autoritário-fundamentalista” (que combina conservadorismo religioso e autoritarismo) como o subtipo mais comum na América Latina.

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Autores:

André Borges é Doutor pela Universidade de Oxford. Professor associado da Universidade de Brasília (UnB). Interessado nos temas instituições políticas, partidos políticos e comportamento eleitoral, poder Executivo e burocracia no Brasil e em perspectiva comparada.

Lisa Zanotti Possui doutorado em Doutorado en Ciencia Politica pela Universidad Diego Portales (2019). Atualmente é Pasquisadora de Pos-Doutorado da Universidad Diego Portales. Tem experiência na área de Ciência Política.