Jogar dentro das quatro linhas é suficiente? Para 42% dos brasileiros, a resposta é não. Uma pesquisa inédita do INCT ReDem mostra que o conceito de democracia no país evoluiu: não basta ter eleições livres; é preciso entregar igualdade e participação. No entanto, o estudo faz um alerta perigoso: 1 em cada 3 cidadãos já não considera as regras democráticas essenciais, abrindo caminho para ‘aventureiros’ que prometem resultados ignorando as leis.
O Desafio Investigado: O estudo enfrenta um paradoxo contemporâneo: a maioria dos brasileiros diz apoiar a democracia, mas a desconfiança nas instituições e a insatisfação com a vida real permanecem altíssimas. O objetivo da pesquisa foi superar as medições tradicionais de apoio ao regime para entender o que exatamente o brasileiro entende por democracia e se o mero cumprimento das regras do jogo (eleições e leis) satisfaz essa expectativa.
A Proposta Central: Ao invés de impor um modelo acadêmico, os pesquisadores perguntaram aos 1.504 entrevistados quais critérios eram indispensáveis (numa escala de 0 a 10). Isso permitiu mapear a demanda real da sociedade, em vez de apenas testar sua adesão a conceitos teóricos.
Evidências e Argumentos: Os dados revelam um cenário complexo:
- O Mínimo Aceitável: Cerca de 78% concordam que eleições livres e isonomia jurídica são essenciais.
- O Grupo de Risco: 1 em cada 3 brasileiros (o terço “não democrata”) não vê relevância nem nessas condições mínimas, formando uma base permeável a discursos autoritários.
A Grande Descoberta: 42,4% dos entrevistados são classificados como “democratas multidimensionais”. Para este grupo, a democracia exige a integração de três esferas:
- Liberal: Liberdade de imprensa e Estado de Direito.
- Social: Redução da pobreza e desigualdade.
- Participativa: Mecanismos de decisão direta além do voto.
Implicações e Contribuições:A análise do Coordenador do INCT ReDem, Adriano Codato alerta que a adesão à democracia no Brasil é “exigente”. O descontentamento com a falta de entrega social (saúde, economia, igualdade) pode minar o apoio ao regime político. O perigo reside no fato de que tanto os democratas insatisfeitos quanto os não-democratas desejam melhorias sociais. Se a democracia institucional não entregar resultados, abre-se espaço para líderes “aventureiros” que prometem resolver os problemas sociais atropelando as regras do jogo.
Foto: Roque de Sá/Agência Senado – Fonte: Agência Senado
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