FR03 – Democracia em Transe: como representantes, representados e as regras do jogo estão redefinindo a legitimidade política
Coordenador: Adriano Codato (UFPR/ ReDem/CNPq)
O Fórum propõe uma reflexão integrada sobre três dimensões centrais e interdependentes da crise política contemporânea: a qualidade da classe política, as visões dos cidadãos sobre o regime e a mudança das regras do jogo democrático. Ao reunir pesquisas empíricas e reflexões teóricas desenvolvidas no âmbito do INCT Representação e Legitimidade Democrática (ReDem), o evento visa aprofundar as análises sobre as tensões entre representação, participação e governabilidade no Brasil hoje. Em um contexto marcado por crescente desconfiança institucional, polarização da classe política e sucessivas reformas das regras eleitorais, o Fórum pretende oferecer um espaço privilegiado para discutir como elites políticas, sociedade e instituições vêm renegociando, tensionando e, por vezes, corroendo as bases da legitimidade democrática.
Sessão 1: Visões de democracia entre os brasileiros: condicionantes e correlatos
22/10 9h-10h30
Coordenador: Ednaldo Ribeiro (UEM/ ReDem/CNPq)
Mais polarização, menos democracia? Uma análise do compromisso com o regime democrático
Julian Borba (UFSC/ ReDem/CNPq), Lucas Amorim (UFSC) e André Borges (UNB/ ReDem/CNPq)
Concepções de democracia e comportamento eleitoral nas eleições de 2022
Luciana Veiga (UNIRIO/ ReDem/CNPq) e Gabriel Casalecchi (UFSCAR/ ReDem/CNPq)
Visão social de democracia no Brasil: entre estrutura de classe e atitudes em relação aos excluídos
Gustavo Ribeiro (UFPA/ ReDem/CNPq)
Resumo:
A mesa reúne estudos que exploram as diferentes formas como os cidadãos brasileiros compreendem e se relacionam com a democracia, com base em dados originais produzidos pelo INCT para Representação Política e Legitimidade Democrática (ReDem). O primeiro trabalho, de Julian Borba, Lucas Amorim e André Borges, investiga se a crescente polarização política afeta o compromisso com o regime democrático. O segundo trabalho, de Luciana Veiga e Gabriel Casalecchi, analisa como concepções de democracia influenciaram o comportamento eleitoral nas eleições de 2022, destacando a relação entre preferências normativas e escolha de candidatos. O terceiro trabalho, de Gustavo Ribeiro, examina a visão social de democracia, explorando como fatores como classe social e atitudes em relação aos excluídos moldam a percepção democrática. Com base em uma abordagem teórica e metodológica robusta, inspirada em pesquisas comparativas como o European Social Survey e adaptada ao contexto brasileiro, a mesa oferece uma visão integrada dos condicionantes e correlatos das visões de democracia no Brasil contemporâneo.
Sessão 2: Qualidade da classe política: teoria e empiria
23/10 9h-10h30
Coordenador: Renato Perissinotto (UFSC/UFPR/ReDem/CNPq)
Liderança política em repúblicas democráticas: algumas lições de Maquiavel
Ricardo Silva (UFSC/ReDem/CNPq)
Elites 2025: Mensurando a classe da classe política
Mateus de Albuquerque (UFPR/ReDem/Fundação Araucária)
Qualidade da representação política: uma proposta de mensuração empírica
Renato Perissinotto (UFSC/UFPR/ReDem/CNPq)
Resumo:
Há muita discussão sobre a qualidade das instituições democráticas, mas pouco sobre quem opera essas instituições: os políticos profissionais. Quando se debate sobre a qualidade da democracia, tendemos a focar em regras e procedimentos — eleições livres e justas, partidos programáticos, separação e equilíbrio entre os Poderes — como se esses elementos funcionassem automaticamente, independentemente dos indivíduos que ocupam o poder. Nenhum arranjo institucional, por mais bem desenhado, é capaz de assegurar uma boa representação. Esta depende, em última instância, das crenças e condutas dos próprios atores políticos. Em função disso, pesquisadoras(es) do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Representação e Legitimidade Democrática (INCT-ReDem) estão construindo um índice inovador para medir a qualidade dos parlamentares a fim de contribuir com as medidas de qualidade da democracia. Esse procedimento, no entanto, não dispensa o diálogo com a teoria política, já que qualquer tentativa de medir a qualidade de algo envolve, necessariamente, adotar perspectiva normativas em relação ao objeto da mensuração.
Sessão 3: Mudanças eleitorais e impactos na representação política
24/10 9h-10h30
Coordenador: Adriano Codato (UFPR/ReDem/CNPq)
Mudanças e consequências nas decisões para o voto no Brasil
Lara Mesquita (FGV-SP ReDem/CNPq)
Magnitude eleitoral: a chave da representação partidária
Bruno Bolognesi (UFPR/ReDem/CNPq) e Nilton Sainz (UFPR/CAPES/ReDem/CNPq)
Reformas eleitorais e a representação de mulheres no Brasil
Karolina Roeder (UFPR/ReDem/Uninter)
Resumo:
Com as recentes modificações no sistema eleitoral brasileiro, especialmente o fim das coligações proporcionais e a introdução da cláusula de desempenho, há uma grande movimentação de partidos, eleitores e eleitos. As novas regras criaram incentivos para mudanças na forma com que os operadores se movimentam na arena representativa. Assim, Karolina Roeder apresenta as consequências para a representação feminina na Câmara dos Deputados, abordando as estratégias de partidos para recrutar e eleger mulheres. Lara Mesquita aponta como o fim das coligações levou ao comportamento estratégico de partidos, concentrando recursos nas candidaturas de deputados federais e reduzindo a fragmentação partidária. Bruno Bolognesi e Nilton Sainz exploram a relação entre os efeitos do fim das coligações proporcionais com a magnitude distrital e de que forma que elementos novos do sistema eleitoral, como o possível novo tamanho da Câmara baixa, podem afetar a fragmentação partidária no Brasil.