Analisando a luta por direitos da população LGBTQIA+ no Brasil, o texto de Éder Rodrigo Gimenes, pesquisador do INCT ReDem, aborda o paradoxo entre a maior visibilidade do tema e o avanço da violência e do conservadorismo. A análise traça a trajetória de políticas públicas, marcada por descontinuidades, avanços conquistados majoritariamente via Judiciário (como o casamento igualitário e a criminalização da LGBTQIA+fobia) e retrocessos, como a extinção de conselhos no governo Bolsonaro. O texto destaca o compromisso renovado do atual governo Lula com a pauta, através da criação de uma Secretaria Nacional, mas ressalta que a defesa desses direitos é um termômetro da própria qualidade da democracia, que precisa ser inclusiva e proteger minorias para ser verdadeiramente democrática.
Detalhamento da Pesquisa:
O Desafio Investigado: O texto aborda o paradoxo entre a crescente visibilidade da diversidade sexual e de gênero nos debates políticos e o avanço de um conservadorismo que alimenta ataques e violência, especialmente no Brasil, que lidera rankings de violência contra a população LGBTQIA+. O desafio central é a formulação de políticas públicas eficazes em um cenário de déficit legislativo, descontinuidades históricas e a rejeição a políticas específicas sob o argumento equivocado da igualdade formal.
A Proposta Central: A análise argumenta que uma democracia só se torna mais democrática à medida que é mais inclusiva e representativa, o que exige ir além das demandas dos grupos dominantes e se comprometer com a igualdade real prevista na Constituição. Para isso, é fundamental substituir discursos moralistas por debates informados por dados e investir em políticas públicas que priorizem os grupos historicamente marginalizados, garantindo sua dignidade e acesso a direitos.
Evidências e Argumentos: A trajetória dos direitos LGBTQIA+ no Brasil é marcada por avanços e recuos. Houve maior atenção à pauta durante os governos do PT (Lula e Dilma), mas sem conseguir uma institucionalização robusta junto ao Legislativo. O governo Bolsonaro representou um retrocesso, com a extinção de espaços como o Conselho Nacional de Combate à Discriminação. Consequentemente, os principais marcos de reconhecimento de direitos — como a união estável (2011), o casamento civil (2013) e a criminalização da LGBTQIA+fobia (2019) — foram conquistados por decisões do STF, e não pelo Congresso. O terceiro mandato de Lula é descrito como o mais comprometido com a agenda, com a criação inédita de uma Secretaria Nacional e a recriação do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+.
Implicações e Contribuições: A principal implicação é que a discussão sobre diversidade sexual e de gênero é inseparável de um debate sobre a própria democracia. Reduzir a democracia ao “governo da maioria” é ignorar a necessidade de proteger e reconhecer as especificidades de todos os grupos sociais. O texto contribui ao contextualizar a luta por direitos LGBTQIA+ como um campo central de disputa sobre o futuro da democracia, tanto no Brasil quanto no cenário internacional, onde o avanço da extrema-direita também ameaça essas conquistas.
*Foto: Pierre Triboli/Câmara dos Deputados – Fonte: Agência Câmara de Notícias
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