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Personalismo político: vício ou virtude?

"O personalismo percebido pelos brasileiros na hora de escolher seus candidatos se reflete na atuação dos eleitos?" Escrito por: Bruno Z. Kotvisky
O personalismo é a marca da política brasileira, uma ideia que muitos repetem, mas o que a ciência tem a dizer sobre isso?

Partindo da ideia comum de que o personalismo é uma marca da política brasileira, o texto de Bruno Z. Kotvisky questiona se essa característica, evidente nas escolhas eleitorais, também define a atuação dos políticos eleitos. A análise, que delineia os objetivos de pesquisa do INCT ReDem, busca medir o real grau de autonomia dos deputados em relação aos seus partidos, que gozam de pouca confiança popular. O objetivo é ir além do senso comum para entender se os partidos são meros veículos eleitorais ou se ainda possuem relevância nas decisões do Congresso, oferecendo respostas que podem esclarecer o funcionamento da democracia no Brasil.

Detalhamento da Pesquisa:

O Desafio Investigado: O texto parte da tese popular, com raízes no pensamento de Sérgio Buarque de Holanda, de que o personalismo é uma característica central e definidora da política brasileira. No entanto, enquanto o personalismo no comportamento eleitoral é um fenômeno conhecido, impulsionado pela baixa confiança nos partidos políticos, a grande questão em aberto é se esse personalismo se reflete na atuação concreta dos políticos eleitos. O desafio é medir cientificamente o real grau de autonomia dos deputados e entender se os partidos são meros agregadores de candidatos ou se ainda possuem relevância nas decisões legislativas.

A Proposta Central: O artigo delineia os objetivos de pesquisa do INCT ReDem sobre o tema. A proposta é investigar empiricamente se o personalismo percebido pelos eleitores na hora da escolha se traduz no comportamento dos representantes no Congresso. A pesquisa busca responder quão autônomos são os deputados em suas atividades legislativas e qual o verdadeiro papel dos partidos para além do momento eleitoral.

Contexto e Justificativa da Pesquisa: O texto fundamenta a necessidade do estudo em diferentes abordagens:

  • Histórica: A tese de Sérgio Buarque de Holanda sobre a essência personalista do brasileiro, que seria incompatível com a racionalidade da democracia liberal.
  • Comparada: A discussão europeia sobre “personalização”, processo em que partidos historicamente fortes perdem protagonismo para políticos individuais.
  • Nacional: A constatação de que, no Brasil, a maioria dos partidos é irrelevante nas campanhas e eles são as instituições com menor índice de confiança entre a população, o que naturalmente leva ao personalismo no voto.

Implicações e Contribuições (Potenciais): A pesquisa proposta pelo INCT ReDem visa a trazer contribuições significativas para diferentes públicos:

  • Para os eleitores: Oferecer mais clareza sobre o funcionamento real das instituições políticas.
  • Para os pesquisadores: Desenvolver melhores ferramentas para medir a qualidade da democracia no país.
  • Para os representantes: Apresentar possíveis prescrições para o aprimoramento institucional (“afinamento institucional”).

 

*Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

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Autor

Bruno Z. Kotvisky – Mestrando em Ciência Política na Universidade Federal do Paraná e ex-bolsista de Iniciação Científica do INCT ReDem. Interessado em temas como regulação eleitoral e cultura política.
 

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