‘Problema de comunicação’ é de todos os governos

Em sua análise, Fábio Vasconcellos, pesquisador do INCT ReDem, argumenta que o chamado “problema de comunicação” não é uma falha exclusiva do governo Lula 3, mas um desafio estrutural e permanente para qualquer governo na era digital. O texto contrasta o antigo modelo de mídia “broadcasting”, linear e controlável, com o atual “ecossistema híbrido”, que é fragmentado e ruidoso. Neste novo cenário, notícias positivas e complexas têm dificuldade de circular, enquanto controvérsias nascidas no ambiente digital são amplificadas pela mídia tradicional, criando um desafio de comunicação constante e estrutural.

Detalhamento da Pesquisa:

O Desafio Investigado: O texto desafia a visão simplista de que a baixa popularidade de um governo, como o de Lula 3, se deve apenas a um “problema de comunicação” que pode ser facilmente resolvido. A análise argumenta que o verdadeiro desafio é compreender a profunda transformação do ecossistema de comunicação, que impõe limites para qualquer governo em nível nacional, não apenas o atual.

A Proposta Central: A análise propõe uma mudança de perspectiva: o problema não é apenas de uma gestão, mas é estrutural ao novo “ecossistema de mídia híbrida”. O texto contrasta o antigo modelo “broadcasting” — linear, previsível e dominante nos primeiros mandatos de Lula (2003-2010) — com o cenário atual, fragmentado e muito mais complexo de navegar.

Evidências e Argumentos: O artigo aponta que, no passado, o fluxo de informação era verticalizado e controlado por poucos e grandes veículos de comunicação. Hoje, a tecnologia digital “desacoplou” o conteúdo, que é consumido em fragmentos, muitas vezes fora de contexto e reenquadrado por novos mediadores. Informações governamentais positivas ou complexas lutam para ganhar visibilidade e podem ser facilmente “soterradas” pela velocidade de controvérsias. Crucialmente, os veículos tradicionais agora operam em um “ciclo de informação da mídia híbrida”, onde muitas notícias negativas ou polêmicas nascidas no ambiente digital são amplificadas por eles, o que aumenta a capacidade de atores críticos ao governo influenciarem a agenda pública.

Implicações e Contribuições: A principal implicação é que o “problema de comunicação” tornou-se uma característica permanente e estrutural para qualquer governo contemporâneo. Não se trata apenas de uma dificuldade de adaptação, mas de uma nova realidade midiática. A contribuição do texto é oferecer uma análise mais complexa do fenômeno, superando a visão unidirecional e mostrando como a interação entre mídias digitais e tradicionais cria um ambiente desafiador para a comunicação governamental.

*Foto: Reprodução/@LulaOficial