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O que é uma boa representação? Com a palavra, o eleitor

Afinal, o que seria uma boa representação na opinião dos eleitores? Escrito por: Ednaldo Ribeiro
Em meio a uma crise de representação política, o que os eleitores brasileiros realmente esperam de seus deputados e senadores?

Para entender o que os eleitores consideram uma boa representação política, uma pesquisa nacional inédita do INCT-ReDem realizou mais de 1.500 entrevistas domiciliares e revelou um eleitorado pragmático. Segundo o estudo, 48% dos brasileiros priorizam a entrega de bens e serviços por seus representantes. Além disso, a manutenção de boas relações com o governo (nota 8,3) é vista como mais importante do que atuar na oposição (nota 7,0). Esses resultados desafiam visões clássicas da representação, mostrando que os eleitores valorizam mais os resultados concretos e a capacidade de obter recursos do que a defesa de ideologias ou a semelhança com seus representantes.

Detalhamento da Pesquisa:

O Desafio Investigado: Diante de um cenário de descontentamento dos eleitores e questionamentos sobre a qualidade da representação, fartamente documentados desde os anos 1990, a pesquisa buscou responder a uma pergunta central: o que, afinal, os eleitores brasileiros consideram ser uma “boa representação” política?

A Proposta Central: O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Representação e Legitimidade Democrática (ReDem), com apoio do IPEC, realizou uma pesquisa nacional inédita para investigar as preferências do eleitorado. Foram conduzidas mais de 1.500 entrevistas domiciliares em fevereiro, compondo uma amostra nacionalmente representativa para entender os atributos e ações que os cidadãos mais valorizam em seus representantes.

Evidências e Argumentos: A pesquisa revelou um forte pragmatismo por parte dos eleitores:

  • Atributo principal: 48% da população considera que o mais importante em um representante é sua dedicação para suprir as necessidades de bens e serviços da população, à frente da compatibilidade de pensamento (32%) e da semelhança sociodemográfica (12%).
  • Ações específicas (escala de 0 a 10): Ter uma boa inserção na mídia foi a ação mais valorizada (nota 7,5), superando a obtenção de recursos para a base eleitoral e a defesa de um programa de governo (ambas com nota 7,3).
  • Relação com o governo: Manter boas relações com o governo foi considerado significativamente mais importante (nota 8,3) do que ser atuante na oposição (nota 7,0), indicando uma preferência por alinhamento que possa resultar em recursos e investimentos.

Implicações e Contribuições: Os resultados sugerem uma visão desafiadora sobre a qualidade da representação, tanto para os eleitos quanto para analistas. O pragmatismo do eleitorado, centrado em resultados concretos e entregas efetivas, minimiza o valor de atributos clássicos da política, como o exercício da oposição e a defesa de ideologias abstratas. Isso exige novas interpretações sobre as relações entre o Legislativo, o Executivo e as expectativas da população.

*Foto: TSE / Flickr

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Autor

Ednaldo Ribeiro – Doutor em Sociologia pela UFPR. Professor de Ciência Política na UEM e na UFPR. Bolsista produtividade do CNPq na área de comportamento político. Interessado nos temas atitudes democráticas e ativismo político.
 

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