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Polarization and ideology: Exploring the contextual nature of democratic commitment

Autores: Julian Borba, Ednaldo Ribeiro e Mario Fuks

Investigando a relação entre polarização e compromisso democrático, o artigo de Borba, Ribeiro e Fuks utiliza dados de 57 países (World Values Survey, 2017-2020) para analisar quem são os “guardiões da democracia”. A pesquisa conclui que não existe um guardião universal. O impacto da polarização varia com a ideologia do eleitor e do governo: eleitores de direita mostram consistentemente menor compromisso democrático, enquanto o compromisso da esquerda aumenta em reação a governos de direita polarizados. O estudo desafia teses anteriores ao mostrar que os efeitos da polarização são contextuais e complexos, e que a identidade de quem defende a democracia muda dependendo de quem está no poder.

O Desafio Investigado: O artigo aborda a relação entre polarização política e a erosão da democracia, um tema central na Ciência Política contemporânea. O estudo questiona a tese de que os eleitores moderados são os “guardiões” da democracia em contextos polarizados e investiga se grupos ideológicos específicos mantêm seu compromisso democrático sob intensa polarização.

A Proposta Central: Para superar as limitações de estudos anteriores focados em poucos casos, esta pesquisa analisa dados de opinião pública de 57 países (mais de 77.000 entrevistados) da World Values Survey (2017-2020). O objetivo é testar de forma mais sistemática o efeito da polarização na legitimidade democrática, examinando a interação entre fatores individuais (ideologia do eleitor) e contextuais (polarização nacional e a ideologia do governo no poder).

Evidências e Argumentos (Achados da Análise): Os resultados indicam que não existe um “guardião universal” da democracia. O impacto da polarização no compromisso democrático varia: indivíduos de direita consistentemente demonstram menor compromisso com a democracia. Já o compromisso de indivíduos de esquerda é mais dependente do contexto, aumentando em reação a governos de direita polarizados. O centro só se apresenta como guardião em governos de esquerda polarizados. Em nenhum dos cenários analisados os indivíduos de direita se apresentaram como os guardiões da democracia.

Implicações e Contribuições: A principal contribuição do artigo é demonstrar que as consequências da polarização são mais complexas do que se pensava. O estudo questiona a tese dos efeitos homogêneos da polarização e o papel universal dos moderados, mostrando que a combinação de diferentes teorias (rigidez da direita, reação democrática, etc.) explica melhor a realidade. A pesquisa aponta a importância de se considerar a ideologia do governo para entender as reações do eleitorado, sugerindo novos caminhos para a agenda de pesquisa sobre democracia e polarização.

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Autores:

Julian Borba é doutor em Ciência Política pela UFRGS. Professor do Departamento de Sociologia e Ciência Política da UFSC. Interessado nos temas opinião pública e comportamento político.

Ednaldo Ribeiro é Doutor em Sociologia pela UFPR. Professor de Ciência Política na UEM e na UFPR. Bolsista produtividade do CNPq na área de comportamento político. Interessado nos temas atitudes democráticas e ativismo político.

Mario Fuks é doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário do Rio de Janeiro (IUPERJ) e professor titular do departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)